SOBRE O PROJETO


“Insurgências Urbanas” é o resultado das especulações teóricas de uma arquiteta-performer que, influenciada pelo sonho de uma cidade possível, embrenhou nos estudos da performance, observando, interagindo e re-apresentando o espaço urbano a quem nele convive.

São cinco propostas de performance. A primeira intervenção, “Jardins da Babilônia”, surgiu da observação da montanha de lixo formada diariamente na esquina entre as ruas Carlos Gomes e da Forca. Daí surgiu a idéia de instalar cachepôs de coco com mudas de samambaia no muro que delimita a esquina, construindo assim, um jardim vertical com o lixo local. “As samambaias têm a função de abrilhantar a composição e gerar um micro-clima capaz de atrair individuações diferenciadas”.

A segunda intervenção acontece em um bairro modelo: a Pituba. Diante da constatação de que uma das avenidas principais do bairro, a Manoel Dias da Silva, é carente de sombra, surgiu a idéia da performance “Na aba do meu chapéu”: um grande sombreiro de palha que perambula por ruas centrais oferecendo carona de sombra.

A terceira performance pretende questionar o trato público dado à saúde municipal. A performance “A saúde é osso” pretende colocar o dedo nessa ferida. Trata-se de uma pilha de ossos bovinos que serão alocados no canteiro central da Avenida Caetano Moura, entre as dependências dos cemitérios Campo Santo e dos Alemães. A performer ficará, por um intervalo de tempo, no meio desses ossos trocando curativos e cantando canções de ninar.

A quarta performance questiona a relação de poder praticada nos espaços públicos da cidade. O contexto é o Corredor da Vitória, área central tomada por condomínios verticais e arranha-céus de alto padrão, ocupando todo o acesso ao mar, deixando apenas “uma greta” de paisagem natural entre uma construção e outra. A idéia é ocupar um trecho da calçada da Vitória, aquele com melhor vista para o mar, e confraternizar uma tarde de verão com piquenique e muita animação. Essa é a performance “O mar pela greta”.

A quinta e última performance será o “Playground na Ladeira da Montanha”. A idéia é construir um playground temporário nas adjacências da Ladeira da Montanha em caçambas que serão alugadas e alocadas temporariamente em via pública. Escorregador, escada horizontal e piscina de bolinhas, além de pequenos nichos de convivência e contação de histórias, serão os equipamentos a serem instalados nesses containeres.

Todas as performances contarão com registros fotográfico e audiovisual e esses integrarão uma mostra a ser exibida nas cidades de Cachoeira e Salvador.